Fundação SM lança Relatório sobre o Ensino Religioso na Escola
23 set 2024 · Releases ·4
Pela primeira vez, pesquisa traz levantamento amplo e detalhado sobre o Ensino Religioso no Brasil e contempla a diversidade cultural e religiosa no país.
O Panorama do Ensino Religioso no Brasil – Relatório 2024, desenvolvido pelo Observatório da Religião na Escola (ORE) da Fundação SM, marca um avanço na compreensão do Ensino Religioso no país. Pesquisa pioneira, oferece uma radiografia detalhada das percepções dos principais envolvidos no Ensino Religioso, incluindo professores(as), estudantes e suas famílias.
Pela primeira vez no país, é possível obter uma visão abrangente e científica sobre como o Ensino Religioso é recebido e avaliado no sistema educacional, o que possibilita uma análise aprofundada das diversas opiniões e experiências relacionadas a essa área.
A pesquisa segue metodologia científica de análise e contempla a diversidade cultural e religiosa brasileira.
Contribuições para a Educação e a Cidadania
Os resultados do relatório revelam a importância do conhecimento religioso na formação dos estudantes e no processo educacional como um todo. O estudo demonstra como o Ensino Religioso contribui para a construção da identidade pessoal dos estudantes, promovendo valores essenciais como assertividade, empatia, tolerância e inclusão. Tais contribuições podem ser vistas como fundamentais para a formação de uma cidadania democrática e global significativa.
A presença do conhecimento religioso nas escolas, portanto, é relevante e essencial para o desenvolvimento integral dos estudantes e para a promoção de uma sociedade mais justa e equitativa.
Dados gerais da pesquisa
Foram entrevistados 1.000 estudantes, sendo 69,9% do Ensino Fundamental e 30,1% do Ensino Médio. Todas as regiões do país foram representadas proporcionalmente. Em termos de gênero, 82,2% das respostas são de estudantes do sexo feminino e 17,7% masculino.
Para o grupo dos professores, foram entrevistados 500 profissionais, entre homens e mulheres. Deste total, 68% de professores(as) são de instituições públicas e 32% de escolas particulares, representando proporcionalmente sua realidade no país como um todo.
Já a respeito das famílias brasileiras pesquisadas, 68% informam que seus filhos frequentam escolas públicas, enquanto um terço (32%) são alunos de escolas particulares.
Perfil religioso de estudantes, famílias e docentes
Quanto à definição religiosa, dois em cada três estudantes se declaram católicos (66,3%), evangélicos (14,8%), de outras religiões (10,2%) e apenas 1,7% são ateus; 6,6% se declaram indiferentes.
A conclusão dessa resposta é clara: 91% dos estudantes brasileiros afirmam que acreditam em Deus (ou outra ideia de divindade), levando em consideração a diversidade de crenças e religiões, embora haja uma clara predominância de católicos.
Já em relação às famílias, quase a metade se declara católica, com uma porcentagem maior de pais (51,7%) do que de mães (46%). Quase um terço das famílias se definem como evangélicas, sendo que as mães representam a maior porcentagem (37,3%) em comparação com os pais (27,7%). E 12% das famílias dizem ter outra religião, sem diferença entre pais e mães. Só 2% dizem que são ateus e quase a mesma porcentagem diz que é agnóstica.
No que se refere aos professores e professoras, 93% dos entrevistados declaram alguma prática religiosa. Um pouco mais de um terço (35,6%) responde que sua prática religiosa é muito frequente; uma porcentagem semelhante afirma ter uma prática frequente (36%); e ainda há um grupo menor de prática pouco frequente (21%). Apenas 6,4% respondem que a prática é nada frequente. Assim, os resultados revelam uma prática religiosa entre a grande maioria dos(as) professores(as) de ensino religioso no Brasil.
Contribuições para a cidadania democrática
Neste quesito, 67,3% dos estudantes consideram que o conhecimento religioso os ajuda a ser mais responsáveis. O percentual demonstra que a percepção de uma contribuição educacional do Ensino Religioso relacionada ao cuidado consigo mesmo, com os outros e com o planeta é aceita por pelo menos dois terços dos estudantes. Os estudantes que não reconhecem essa contribuição representam apenas 18% e os que respondem com indiferença, 14%.
Satisfação das famílias com o Ensino Religioso
Mais da metade das famílias está satisfeita (38,7%) ou muito satisfeita (20%) com o Ensino Religioso. A soma de ambas as respostas satisfatórias resulta em 58,7% de respostas positivas, ou seja, a maioria. Os que discordam (18%) ou discordam totalmente (4,7%) desta afirmação também somam uma porcentagem importante, pois uma em cada cinco famílias demonstra insatisfação com a formação que seus filhos recebem no Ensino Religioso. Também é relevante o fato de que 18,7% responderam como indiferentes a essa pergunta.
Esta percepção de alguma forma se relaciona com uma das primeiras questões da pesquisa. As respostas a essa pergunta revelam que pais e mães ouvidos se consideram os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos, muito antes de outros, como o Estado ou os professores. Isto é, 94,7% das famílias afirmam que são elas as primeiras responsáveis.
Impactos e Perspectivas Futuras
Através de metodologia completa e de análise sociológica de qualidade, a Fundação SM chega a uma visão integral e precisa de como o Ensino Religioso é visto em vários contextos educacionais.
O assessor do Ensino Religioso na SM Educação no país, Humberto Herrera, destaca que o Relatório “contribui no fortalecimento da identidade pedagógica do Ensino Religioso e nos convida a refletir sobre a sua contribuição na formação dos estudantes, em termos de cidadania e cultura de paz”. Para Herrera, o Relatório representa “uma ‘escuta’ fundamental para avaliar os processos de aprendizagem de forma responsável e comprometida com o bem comum”.
A gestora da Fundação SM no Brasil, Érica Carvalho, por sua vez, comenta que a pesquisa realizada para o Observatório da Religião na Escola é extremamente relevante para a educação. “Apesar de a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deixar claras, como componente curricular, as habilidades e competências para Ensino Religioso, não tínhamos ainda um estudo dedicado exclusivamente ao tema”, lembra. A executiva assinala que ouvir professores, famílias e estudantes “abre possibilidade para um direcionamento das necessidades e expectativas que cercam este componente, independentemente da prática religiosa”.
Sobre a Fundação SM
A Fundação SM, sediada em Madri, tem longa trajetória de apoio ao Ensino Religioso nas escolas. É proprietária do grupo educativo SM, na Espanha e na América Latina, nos países em que está representada (Chile, Porto Rico, República Dominicana, México e Brasil).
Desde a sua criação, em 1977, a Fundação SM tem se dedicado à promoção do Ensino Religioso e à formação de professores, tanto em instituições públicas como privadas.
O lançamento do Observatório da Religião na Escola em 2019 é reflexo deste compromisso. Por meio de pesquisas como o “Panorama do Ensino Religioso na Espanha” (2020), no Peru (2021) e agora no Brasil (2023), a Fundação SM busca consolidá-lo como referência, promovendo um entendimento mais profundo do papel do conhecimento religioso na educação.
Acesse o site da Fundação SM e saiba mais sobre o Observatório da Religião na Escola.
Foto: Divulgação.